quarta-feira, 21 de julho de 2010

Glicério s/n #documentário

"Quebrando estigmas e preconceitos, esse documentário procura analisar os caminhos de saída encontrados pela população de rua. Tomando como base o bairro do Glicério, pessoas desde o nível de situação de rua até ex-moradores são entrevistados para melhor entendermos suas necessidades e dificuldades." [1]

Glicério s/n from Matheus Siqueira on Vimeo.

Ninguém percebe, e se percebe não quer ver. Os motoristas mais incomodados do que amedrontados fecham suas janelas para os meninos de rua. Em meio a praças públicas, garotos magricelas, jovens envelhecidos pela vida, homens de meia idade cansados dessa mesma vida se entorpecem para enfrentar a realidade. O estudante de jornalismo, Matheus Siqueira, que se aventurou por endereços sem números, dirigiu o documentário Glicério s/n. Uma iniciativa de dar voz a quem pede, de ouvir quem é sufocado pela própria vida.

Enquanto passageiros dormem cansados nos ônibus e trabalhadores honestos (porque não?) fazem seu lanche no meio da tarde, a poesia da miséria é declamada. “Eu podia tá matando, roubando...”. Entretanto isso incomoda, mexe na ferida, não só de quem ouve, mas de quem dirige o maior centro econômico do país, o prefeito Gilberto Kassab. O albergue Glicério, retratado no documentário hoje está fechado, foi desapropriado pela prefeitura. [2] Não por que está sobrando vagas, mas porque enfeia a cidade. Estimula a “lei da vadiagem”. Discursos vindos de quem pretende agradar, não só a elite paulista, mas também a classe média.

Entretanto, tais medidas não funcionaram para quem desejava se ver livre do problema. Dos albergues diretamente para as marquises de comércios, muitos incluíram mais esse trecho no mapa da peregrinação da indigência. A mendicância é contra a lei, mas ser considerado como indigente é? Não ser considerado cidadão da pátria em que nasceu porque usa drogas, passa fome, mora na rua também é lei?

Contudo, diante a esse cenário de intolerância e falta de amor. Onde cada um pensa em si, e tropeça no outro quando corre pelas ruas. Um grupo de voluntários, Anjos da Noite [3], todo sábado sai pelas ruas de São Paulo para não só darem alimentos, mas alimentarem amor a esses excluídos.

Quando Jesus diz “O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram”[4], Ele também se referia a esses mesmos que muitas vezes transgridem a sua lei. Porque a máxima do cristianismo foi dita por Paulo quando este disse que entre a fé, a esperança e o amor “o maior deles, porém é o amor”.[5] A cegueira induzida frente a realidade faz ignorar e julgar a quem precisa de ajuda. Ela nos faz fortes, melhores, entretanto não nos faz cristãos.

[1] Vimeo: Glicério s/n - http://bitw.in/ajk
[2] ESTADÃO: Kassab fecha albergues e lota ruas - http://bitw.in/aji
[3] Site Anjos da Noitehttp://bitw.in/ajj
[4] Bíblia NVI – Mateus 25.40
[5] Bíblia NVI – I Coríntios 13.13

Aline Ramos



terça-feira, 20 de julho de 2010

Waka Waka #música

Marcada fortemente pela música, a Copa do Mundo de 2010 [1] já ficou no passado. Mas por trás da música oficial do torneio, Waka Waka, há muita história.



Imagine se na Copa de 2014 a música oficial escolhida fosse um hino tradicional argentino interpretado por um cantor paraguaio. Conseguiu visualizar? Algo semelhante aconteceu na escolha da música oficial da Copa FIFA 2010. Foi esse sentimento que os sul africanos sentiram ao ouvirem a música oficial da Copa, “Waka Waka”. A canção além de ser tradicional do Camarões, é interpretada pela cantora colombiana Shakira. Apesar da África do Sul e Camarões localizarem-se no mesmo continente, cada país possuiu sua história, cultura e individualidade musical.

A música escolhida é um exemplo, pois é fruto das guerras civis que a nação camaronesa passou, sem ligação com o país sede da Copa Fifa 2010. No processo de colonização de Camarões, após a I Guerra Mundial, a briga entre dois países europeus, França e Inglaterra, marcaram a história do país. Na briga, a França levou a melhor e ficou com 75% do território. Entretanto, a Inglaterra não deixou de influenciar na cultura do povo. Na tentativa de dominar uma colônia, os ingleses impuseram aos colonos que a língua que eles deveriam falar deveria ser o inglês. [2]

Resistentes, a população daquela colônia misturou o banto, língua corrente na época, com o inglês. Esse processo chama-se pidgin. Também conhecido como língua de contato, pidgin é o nome dado a qualquer língua que é criada, normalmente de forma espontânea, de uma mistura de outras línguas, e serve de meio de comunicação entre os falantes de idiomas diferentes. [3] Do casamento entre banto e inglês nasceu a palavra “waka”, que é uma distorção da palavra inglesa “walk” que significa no português “andar”. Em meio a tantas guerras civis que o país enfrentou até a sua independência, uma música chamada Makossa fez sucesso em Camarões. E que mais tarde serviu como inspiração para Waka Waka.

Ou seja, aquilo que lemos na tradução da canção interpretada por Shakira, nada tem a ver com futebol e muito menos com a África do Sul. Quando se ouve “waka waka”, a tradução sugerida “Dessa vez é pela África”, não condiz com o contexto sul africano. Na realidade, a música trata de conflitos, guerras e perseverança. Waka (andar), nada mais é do que uma expressão de ânimo e encorajamento. [4]

Tal música é uma referencia do povo camaronês, assim como, o Brasil é lembrado por Garota de Ipanema. Nessa Copa, a África do Sul ficou sem sua marca musical. A população local foi relutante em aceitar a canção. Até porque, o cantor somali k’naan, autor da música do principal patrocinador da Copa de 2010, Coca Cola, é concorrência forte da cantora latina Shakira.[5] O Sucesso de Waving Flag [6] até confunde a cabeça dos aficionados em futebol. Que chegam a acreditar que o hit que se ouve nos comerciais de Coca Cola nada mais é que a música oficial da Copa. No Brasil há também uma versão em português, feita pelo grupo Skank. [7]

Por meio dessas referencias que reputações são construídas. Apesar de Waka Waka ter virado o jogo no país sede da Copa, por ter tido forte aceitação dos estrangeiros. Os camaroneses ao ouvirem Waka Waka logo se lembrarão de Makossa.

Com Jesus ocorreu o mesmo. Quando esteve aqui na terra foi conhecido por ser amigo dos pecadores. E realmente, Ele andava com uma turma da pesada. Entretanto, Jesus não permitiu se confundir por essas marcas de pecado que seus amigos carregavam. Entre as marcas de Jesus, a que predominava era o amor, até porque, Ele próprio não se importava. Ao ouvir o nome de Jesus, a única marca que lembramos, é a marca da cruz.

Contudo, os cristãos, que carregam em seu nome a marca do nome de Jesus, será que também são lembrados pelo amor que o próprio Cristo demonstrava? Ou será que são freqüentemente lembrados pela hipocrisia, arrogância e ganância? Ou ainda pior, escolhem para si outra canção que não a da sua pátria, a celestial? Não foi a toa que Paulo aconselhou aos efésios para que fossem eles, imitadores de Cristo. “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados.” [8]

[1]Sobre isso: Trilha Sonora da Copa do Mundo Fifa 2010 – Listen Up! - http://migre.me/YKef
[2]Wapedia: Camarões - http://migre.me/YKkm
[3]Wikipédia: pidgin - http://migre.me/YKo1
[4]Vagalume: Waka Waka (Tradução) - http://migre.me/YKpQ
[5] R7: Shakira vira hit com canção oficial, mas ganha concorrentes nos estádios sul-africanos - http://migre.me/YKao
[6] Youtube: Coca Cola – Waving Flag - http://migre.me/YKun
[7] Youtube: Skank - Cola Cola Copa do Mundo 2010 - http://migre.me/YKwi
[8] Efésios 5:1

[+] FreakShare: Download álbum Oficial da Copa 2010 - http://migre.me/YKLs

Aline Ramos

sábado, 17 de julho de 2010

The Invention of Lying #filme


Se a mentira tem pernas curtas, no filme The Invention of Lying, ou A Invenção da Mentira [1], ela não possui pernas, olhos e boca. Simplesmente, porque ela não existe. Matthew Robinson não economizou na dose de humor quando dirigiu a premiada série humorística de TV, The Office. [2] E não foi pra menos que o longa dirigido por Robinson mantém a mesma linha.

Num mundo alternativo em que a mentira não existe é que a trama se desenrola. Com diálogos fortes logo no início, a verdade se mostra aterradora. Falas como “Estamos jantando, mas eu não vou dar pra você” mostra para que o filme veio, ironizar. Os cidadãos não conseguem emitir uma simples mentira, para eles é tudo tão claro e verdadeiro, como sempre foi. Essa característica vai além das relações pessoais. A publicidade, o cinema e os jornais também são guiados pela máxima da veracidade. Relembrando, tudo isso com a levada de humor.

Entretanto, diferente dos besteiróis americanos, a trama britânica estrelada pelo comediante Rick Gervais polemiza, questiona e ironiza preceitos religiosos. Com leveza, o espectador se vê diante do motivo que já causou guerras e separações. A existência, ou não, de um Deus. E é levado a questionar se tudo o que se sabe até hoje sobre vida após a morte, Deus, perdão, pecado e céu é só mais uma mentira humanitária, aquela que traz alivio ao moribundo. [3] Justamente numa situação como essa, em que sua mãe está no leito de morte, Mark, personagem interpretada por Gervais, conta a mentira que muda não só a sua história, mas a de todo o mundo. A existência de um céu como conhecemos hoje.

Contudo, por muito tempo acreditou-se que a ciência era detentora da verdade, única e exclusivamente. Para a ciência é impossível provar tudo o que o cristianismo prega. O criador da ciência diz "Fui Eu que fiz a terra e criei os seres humanos para morarem nela. Com as minhas próprias mãos, estendi o céu e ordenei que o sol, a lua e as estrelas aparecessem.” [4] O embate está feito, mas totalmente ilógico. A ciência não anula a religião e nem a religião anula a ciência. Ambas se complementam, mas não necessariamente uma comprova a existência da outra. Crer num Deus e no seu amor vai além de qualquer fórmula ou suposição. É um exercício de fé.

Sendo assim, o pintor da vida deixou suas impressões para que a ciência pudesse descobrir. Pintou obras de extrema beleza, obras de amor. Emoldurado está o céu, um lugar como o filme retrata, sem mentiras, porém, além das expectativas. Também pintou a mim e a você, elementos que faltam para preencher esse quadro celestial. Hoje, esse mesmo pintor relembra quem não pode mentir, pois Ele mesmo diz “Eu sou o caminho, a VERDADE, e a vida...”[5]

[1]
Blog do Blah: Sinopse de A Invenção da Mentira - http://migre.me/XNCG
[2]
Portal Terra: “The Office” lidera prêmios da TV Britânica - http://migre.me/XNoE
[3]
Psiqweb: Sobre a Mentira - http://migre.me/XNPN
[4]
Isaías 25.12
[5]
João 14.6

[+] Youtube: The Invention of Lying (2009) Official Trailer - http://migre.me/XPSn


Aline Ramos